Em 17/01/2017

 

Os criminosos engravatados “cuidando” dos criminosos descamisados. Vejam no que deu...

 



           A verdadeira causa da crise penitenciária brasileira, que já tem muitas décadas e incontáveis vítimas, não são nem nunca foram as ditas facções criminosas nem os celulares, drogas e armas dentro do sistema carcerário. Isso é tão somente consequência. A causa primária do caos é outra e está fora da cadeia, mas poucos sabem  e quase ninguém comenta. A dita grande mídia não reflete o assunto com profundidade por ser ignorante e os gestores públicos iludem a opinião pública: mentem e tergiversam. Ministério Público e Tribunais de Contas também são enganados ou fingem ser.

            No Brasil, grande parte das famílias sobrevive com apenas um salário mínimo e, muitas delas, com até menos do que isso. Diante dessa realidade da maioria do nosso povo, surge um questionamento sobre o que dizem os governos em relação aos custos dos presídios: os dados oficiais mostram que cada preso, dependendo do estado onde se encontra, custa, em média mensal,  2,7 mil reais, 3 mil, 4 mil e até quase 5 mil reais. Mentira. Todos sabem ou deveriam saber, por uma questão lógica, que todo esse dinheiro não chega ao sistema penitenciário. A maior parte desses recursos é desviada para o bolso da corrupção nos governos estaduais, inclusive na Paraíba, Rio Grande do Norte, Amazonas, Roraima, Minas, Rio de Janeiro e em muitos outros estados.

            Pergunto: como pode um preso que passa um mês todo comendo lavagem (porque isso é o que servem na maior parte das cadeias e presídios) custar 3 ou 4 mil reais por mês? Mesmo que o preso pagasse aluguel, comesse bem, comprasse roupa e vivesse em boas condições de higiene e saúde não custaria tão alto. O problema é que os criminosos engravatados estão “cuidando” dos criminosos descamisados. E em quem a sociedade e a mídia vão acreditar? Claro que é no colarinho branco.

           Se todo esse dinheiro que eles dizem gastar com os presidiários fosse, de fato, destinado às unidades prisionais, nosso sistema carcerário seria maravilhoso e cumpriria seu papel de garantir a segurança, a dignidade e a ressocialização do preso. Mas a maior parte dos recursos é tragada pela corrupção, e crises como esta é a oportunidade para os governadores receberem mais dinheiro e rechearem ainda mais seus próprios bisacos. Eles superfaturam as construções dos presídios e, depois, passarão a ganhar também com cada encarcerado: um presidiário não custa mais do que 500 reais hoje, porque muitos nem água para beber têm, mas, na prestação de contas dos governos, custam milhares de reais. Uma mentira que quase todos acreditam, inclusive, quem deveria combater os desvios do dinheiro público.

            Querer atribuir a facções criminosas o problema dos presídios é uma ingenuidade e é exatamente o que os governos querem: desviar a atenção do problema maior, que é a corrupção. Claro que há dentro das unidades prisionais grupos rivais e muitos trucidamentos, inclusive é assim que os internos tentam despertar a atenção social,  mas nada de facções organizadas e perigosíssimas como os gestores públicos tentam transmitir à sociedade, talvez para esconder os verdadeiros bandidos responsáveis pelo problema, mas que esses, travestidos de gestores públicos, estão do lado de fora, vivendo luxuosamente à custa do dinheiro que era para resolver a questão carcerária.


 

 
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