Em 14/12/2018
Por Redação da Folha – As primeiras professoras de Itaporanga foram formadas na escola Padre Diniz ainda em meados do século passado. Hoje, o colégio, que pertence à rede estadual de ensino, atende a mais de 400 meninos e meninas do ensino fundamental, mas a morte do educandário já está decretada.
O governo estadual determinou o fechamento da escola sem uma justificativa compreensível. Pais e estudantes foram pegos de surpresa ao serem convidados para receberem o documento de transferência e procurarem outra escola a partir de 2019, mas isso não é tão fácil, por exemplo, para quem reside no Alto das Neves, um dos bairros mais populosos de Itaporanga.
O problema é que uma outra escola estadual, a Terezinha Gomes, que também funcionava no bairro e tinha prédio próprio, foi igualmente fechada pelo governo. Ainda há uma escola funcionando no Alto: é a municipal Jacinta Paulo, mas o colégio não tem condições de absorver tantos alunos. Uma opção poderia ser a escola Manoel Diniz, mas a informação é que o educandário também não tem espaço, porque já acolheu grande parte dos egressos do Terezinha Gomes e também deverá ser fechado no próximo ano.
Isso significa que muitos estudantes, principalmente crianças, terão que atravessar toda a cidade a pé para conseguir frequentar a escola, um problema que alimenta outro e bem mais grave para nossa educação: a evasão escolar. Hoje somente uma escola estadual, a Professor Alencar Neves, teria condições de receber parte desses alunos: não todos porque o colégio não oferece todo o ensino fundamental. Já a nova escola construida em Itaporanga com recursos federais pelo Governo do Estado é de ensino médio-técnico, ou seja, não atenderá o fundamental.
Depois de mais de 70 anos e a formação de muitas gerações de estudantes, o colégio Padre Diniz desaparece. Morre um dos grandes patrimônios da nossa educação; perece também a memória de um dos grandes educadores regionais: o grande sacerdote Padre Diniz. A estrutura predial, que pertence a uma organização católica, a Ordem Carmelita, conta com uma quadra esportiva e muitas salas de aulas em um bom espaço físico.
A primeira escola urbana de Itaporanga que foi fechada pelo governo estadual e que igualmente trouxe grande prejuízo para nossa educação escolar foi o educandário da comunidade Vila Mocó, uma comunidade afrodescendente onde vivem centenas de pessoas e que até hoje, passados anos, continuam sem escola própria. Nesse período, muitas crianças abandonaram a educação escolar ou estão frequentando precariamente a sala de aula em função da distância ao educandário mais próximo.
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