Em 10/05/2019

 

Os crimes financeiros do Bradesco contra os aposentados rurais

 



          O Bradesco teve um lucro superior a 19 bilhões de reais no ano passado, conforme dados contábeis publicados pela própria instituição bancária. Um crescimento financeiro de 30, 2% em relação a 2017.

           Como pode um banco faturar tanto em um país com tanto desemprego, com tanta miséria, com tanta crise econômica, com tantos pensionistas e aposentados rurais do sertão nordestino sem remédio e sem comida pelo mísero benefício que recebem?

            A resposta é simples e vem de uma analogia ao próprio ambiente sertanejo: por aqui, o tempo em que mais os urubus se nutem é exatamente o tempo das agonias e mortes: a dor pela falta de chuva e de governo. As carniças dos rebanhos que não resistiram ao estio são um grande banquete às aves necrófagas, mas querer comparar o Bradesco a um abutre é despeitar o urubu sertanejo, tão importante para a natureza e o meio ambiente pela sanidade que promove.  

           Nos rincões nordestinos, as vítimas preferencias do Bradesco são os aposentados rurais e os beneficiários do amparo assistencial (BPC), gente pobre, vulnerável, sem voz, que não sabe a quem recorrer nem há a quem recorrer contra a voracidade financeira do banco. Grande parte do farto lucro do Bradesco vem da sua avareza, dos abusos e exploração predatória contra essa população empobrecida e maltrata.   

          Depois que passou a vigorar as leis dos empréstimos consignados (10.820/2003 e 10.953/2014), que tanto favorecerem aos bancos, o Bradesco ganhou licitações para pagar os beneficiários do INSS no interior nordestino e ocupar as agências dos Correios para fazer seus negócios. Ganhou tanto dinheiro que montou agências em todas as cidades sertanejas, inclusive nas menores.

          Não são apenas as taxas elevadas de juros que favorecem essa exploração contra os pobres. Há muitas táticas do Bradesco, algumas sutis e ilegais, para tirar parte do salário mínimo dos pobres beneficiários da Previdência. O que primeiro faz o banco é induzir e até obrigar os aposentados e amparados a abrir conta corrente mesmo sem nenhuma necessidade e essas pessoas passam a pagar mensalmente taxas de manutenção dessas contas ao banco, o que se configura um crime contra os idosos e deficientes.

       Quando conseguem um benefício previdenciário, o trabalhador rural, idoso e deficiente já recebem, sem custo, uma conta-beneficio e um cartão magnético para ter acesso ao pagamento e até a empréstimos, e não precisam abrir conta corrente, mas o Bradesco, de maneira irresponsável e premeditada, não orienta o beneficiário e induz essas pessoas a abrirem conta corrente e passam a pagar taxa de manutenção, é descontada mensalmente do salário do beneficiário.

            Além da taxa, os aposentados passam a sofrer também com descontos ilegais em seus benefícios: pagamento de seguros não autorizados pelo titular da conta, pagamentos de anuidade de cartões de crédito que nunca utilizaram, pagamento por emissão de talões de cheque que nunca foram pedidos nem adquiridos, empréstimos consignados de renovação automática ou disponibilidade de crédito na conta sem solicitação, gerando endividamento por longos e muitos anos. Além de tudo isso, há também os empréstimos fraudulentos que muito também prejudicam os segurados da Previdência.

            E é exatamente isso que quer o banco: aprisionar o beneficiário por dívida pela vida toda. Neste quesito, a lei de 10.953/2004 foi extremamente favorável aos bancos privados, pois determina que, entre outras coisas, o aposentado ou amparado não pode deixar o banco onde recebe o benefício enquanto tiver dívidas com a instituição. Essa lei é inconstitucional, mas foi defendida pelo governo e aprovada pelo Congresso em benefício das bancas financeiras. Não havia nenhum problema o beneficiário migrar, por exemplo, para um banco público ou para uma conta-benefício, porque os descontos dos empréstimos seriam mantidos normalmente, mas bancos privados, especialmente o Bradesco, que é quem paga os rurais e o BPC, não querem perder os correntistas, porque são esses pobres que ajudam os cofres bilionários do banco.

            Não é por acaso que todos os beneficiários do INSS  que recebem no Bradesco pagam conta corrente e estão endividados, muitos não chegam a receber nem 700 reais, dinheiro insuficiente para sobreviver, um desrespeito à dignidade da pessoa humana, um fundamento da Constituição. Boa parte do salário mínimo do segurado fica com o próprio banco e vai engordar seu lucro. O senhor Octavio de Lazari Jr, presidente do Bradesco, deveria envergonhar-se dessa organização tão nefasta e que tanto mal tem feito a gente já tão sofrida. É riste presenciar tantas lágrimas e arreios diários, enquanto o banco posa de bom moço na propaganda cara da TV.

            Se no Brasil os bancos mandam em tudo e em todos, inclusive no próprio Banco Central, no governo e no parlamento, e diante da omissão da Polícia Federal, das Defensorias Públicas, dos Procons e das instituições judiciárias, só podemos apelar para Deus ou para o Diabo.  Se existir o Satanás, que este se encarregue da alma de Larari e leve o Carlos Trabuco junto. Mas há um castigo bem mais real e imediato para eles: basta o beneficiário, assim que receber a carta de concessão, dirigir-se ao posto de atendimento do INSS e pedir para mudar de banco e passar a receber em uma instituiição pública, que é menos ruim.

 

              No canal da Folha no Youtube circula um audio que também enfoca e dá mais detalhes dessa triste realidade. Vejam AQUI


 

 
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