Hitórico

Histórico

 

         Começo da manhã de quinze de setembro de 2001: Itaporanga e demais cidades do Vale, Sertão da Paraíba, são acordadas pela primeira edição da Folha. Centenas de pessoas assinaram o impresso mesmo antes de conhecê-lo. Acreditaram na proposta que foi ao mesmo tempo a razão de vida do jornal: cobrir, estritamente e com isenção, os fatos da região: a política, a gestão pública, a cultura, a sociedade, a polícia e todo e qualquer fato regional.

         Para uma região, conforme o IBGE, composta por 20 municípios e 155 mil habitantes, mas cujos acontecimentos são ignorados pelas mídias tidas como estaduais, o Folha do Vale veio de encontro à necessidade de um povo que queria também ser notícia, ler a noticia dos seus próprios acontecimentos. As coisas não acorrem somente em Campina Grande, João Pessoa, São Paulo e Rio de Janeiro. O que incomodava o habitante regional era saber quase tudo o que ocorria nessas cidades, mas desconhecer, quase que por completo, o que acontecia, por exemplo, em seu próprio bairro.

        A primeira edição da Folha circulou com muitas falhas: problemas de diagramação, digitação, ortografia e outros, mas nada que comprometesse sua grandeza editorial, e os erros foram, a cada novo número, sendo corrigidos, e os leitores cresceram. Inicialmente o jornal circulava com pouco mais de mil exemplares, passando a distribuir, poucos anos depois, quase duas vezes isso, apesar do Vale ser uma região com alguns dos piores indicadores socioeconômicos do estado: sua taxa média de analfabetismo é de 35%, considerando a população com quinze ou mais anos de idade, e seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) 0,593.

        E quem recebe o jornal em casa, confortavelmente, nem imagina a penúria do seu fabrico: pesquisa, redação, diagramação, correção, fotografia, arte, impressão e distribuição: processos enfadonhos e que precisam ser vencidos dentro da periodicidade exigida para que as oito páginas do jornal, duas das quais, capa e contracapa, coloridas, tragam, vintenalmente, notícias de interesse do publico leitor.

       E o grande problema de montar e manter o jornal foi sempre a dificuldade de se contratar profissionais qualificados. A região não tinha jornalistas, fotógrafos e diagramadores disponíveis para um projeto movido muito mais a paixão do que a dinheiro. Mas é certo também que encontrou no Vale homens preparados e dispostos à missão proposta, entre os quais Aucidônio Juca, Chico do Mogi, Antônio Bandeira, Paulo Conserva, Ademar Augusto, Manoel Osmindo, Padre Djaci Brasileiro, Delcides Brasileiro, Adelman Carlos Bezerra, Antônio Soares, Eudo Soares, Marcos Oliveira, Isaias Teixeira, Paulo Rainério, Manoel Messias, Maria Correia e outros. É preciso darmos graças também às centenas de pessoas que, acreditando no jornal mesmo antes de segurá-lo entre os dedos, garantiam, com sua assinatura, o nascimento e a manutenção do projeto, embora todo o sofrimento financeiro porque passa, dos dias iniciais até hoje.

         Com pouca gente e muito trabalho, o começo não foi fácil. Tanto sacrifício por muitas vezes desestimulou o idealizador do projeto, mas aos poucos os desafios foram sendo vencidos. O jornal foi conquistando cada vez mais credibilidade e respeito, e alcançou seu nono aniversário bem mais organizado e amadurecido: melhorou a diagramação, a apuração dos fatos, a redação das notícias e a confecção das reportagens.

            A Folha, também, ampliou-se expressivamente: aumentou o número de assinantes, de anunciantes. Suas matérias passaram a ter uma maior repercussão e o impresso tornou-se mais do que um instrumento de difusão dos acontecimentos regionais, fez-se uma tribuna a refletir os anseios populares e denunciar os problemas do Vale que cobre.

           No entanto, uma das mais importantes atividades do jornal, além da produção de notícia, é no desenvolvimento sócio-cultural da população de baixa renda. No 3º aniversário da Folha, foi criada a Fundação José Francisco de Sousa. Sem fins lucrativos, a entidade tem dado uma grande contribuição a Itaporanga e a este Vale.

            A Fundação mantém uma biblioteca aberta oito horas por dia e nos finais de semana com um acervo superior a quatro mil livros, internet e impressão gratuitas para os estudantes realizarem suas pesquisas escolares.

          A entidade também mantém um curso básico de informática para estudantes de baixa renda, realiza eventos culturais e apóia outras entidades na realização de atividades sem fins lucrativos. Editou e distribuição o livro Vale: rimas e reflexões, uma coletânea de poetas populares regionais, e desenvolve projetos permanentes na cultura e educação, com distribuição de livros e material escolar para estudantes de baixa renda.

           Mas voltando ao campo do empreendimento jornalístico, o mais recente projeto da Folha foi a criação deste site em 2010, possibilitando que as notícias e reflexões produzidas pelo jornal possam alcançar leitores em lugares ainda mais distantes, oportunizando também uma maior interação com o seu público.


                  Sousa Neto, agosto de 2010.

 


 

 
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